DIABA: AS SEMIOSFERAS DO COTIDIANO DAS TRAVESTIS BRASILEIRAS

  • Luísa Ferreira Lopes Instituto Federal Fluminense/ Centro Universitário Fluminense
  • Thalia Nogueira Mutuana Instituto Federal Fluminense
  • Guilherme de Castro Moraes Gomes Instituto Federal Fluminense
  • Mariana Nunes Marinho Instituto Federal Fluminense
  • Yasmim Ferreira do Amaral Instituto Federal Fluminense
  • Emanuely de Araujo Manhães Guimarães Instituto Federal Fluminense
Palavras-chave: Semiótica da Cultura. Travestis. Videoclipe Diaba.

Resumo

O presente artigo buscou analisar o videoclipe Diaba, da cantora Urias, lançado em agosto de 2019. O estudo foi feito por meio de uma pesquisa qualitativa que recorreu à revisão bibliográfica realizada sob o viés teórico-metodológico da Semiótica da Cultura (SC), oriunda da Escola de Tártu-Moscou, a fim de aplicar à obra os principais conceitos da SC, que são brevemente descritos no texto; essencialmente o de semiosfera, espaço semiótico dotado de centro, periferia e fronteira. No videoclipe a cantora, mulher transexual[1], interpreta, além de sua vivência, a das travestis[2], objetivando retratar realidades comuns à maioria das travestis no Brasil. É dada ênfase crítica à religião e a seus parâmetros excludentes como sistemas modelizantes da cultura brasileira que rejeita a semiosfera travesti. Explorando aspectos linguísticos, sociais, culturais e políticos do videoclipe musical, a análise semiótica realizada evidencia críticas e denúncias sociais e culturais presentes nessa produção artística.

 

[1] A mulher transexual é caracterizada como aquela que requer a identidade social e/ou legal como mulher, da mesma forma é o homem trans com a sua identidade (JESUS, 2012).

[2] A travesti, como explica Majore Marchi, organizadora do XVI ENTLAIDS (Encontro Nacional de Travestis e Transexuais), é um gênero de construção feminina, oposto ao biológico (CARVALHO, 2018); contudo, como salienta Pietra Munin (2018), a distinção entre mulheres trans e travestis é uma questão de autoidentificação, mas também social; visto que, em geral, travestis pertencem a uma classe socioeconômica mais baixa em relação a mulheres trans.

Biografia do Autor

Luísa Ferreira Lopes, Instituto Federal Fluminense/ Centro Universitário Fluminense

Licencianda em Letras no Instituto Federal Fluminense e Bacharelanda em Direito no Centro Universitário Fluminense

Thalia Nogueira Mutuana, Instituto Federal Fluminense

Licencianda em Letras no Instituto Federal Fluminense

Guilherme de Castro Moraes Gomes, Instituto Federal Fluminense

Licenciando em Letras no Instituto Federal Fluminense

Mariana Nunes Marinho, Instituto Federal Fluminense

Licencianda em Letras no Instituto Federal Fluminense

Yasmim Ferreira do Amaral, Instituto Federal Fluminense

Licencianda em Letras no Instituto Federal Fluminense

Emanuely de Araujo Manhães Guimarães, Instituto Federal Fluminense

Licencianda em Letras no Instituto Federal Fluminense

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Publicado
2020-12-30