ALBERTO RIBEIRO LAMEGO

GEÓLOGO, JORNALISTA, FOLKMÍDIA E HISTORIADOR DAS RAÍZES CULTURAIS

  • Orávio de Campos Soares UNIFLU
Palavras-chave: Jornalismo Literário. História. Folkcomunicação. Cultura Popular.

Resumo

Este trabalho tem por objetivo principal situar o engenheiro e geólogo Alberto Ribeiro Lamego (1896-1985), um dos principais intelectuais da cidade de Campos dos Goytacazes, como um escritor multimídia, especialista em tantas outras áreas de saber, como jornalismo literário, historiador, folkcomunicador, sociólogo e, sobretudo, um exímio pesquisador das nossas raízes culturais. Lamego foi autor de 22 obras sobre a geologia do Estado do Rio de Janeiro, sendo mais importantes as que integram os quatro livros da série “O Homem e o Meio Ambiente” (premiados por esferas superiores deste campo de conhecimento). O estudo tem/teve como base seus escritos no livro “A Planície do Solar e da Senzala”, uma verdadeira história de amor à terra em que nasceu, no qual descreve a geognose da Baixada, que um dia já foi mar, e enaltece as figuras socioculturais dos muxuangos e mocorongos e de outros tipos relevantes da Baixada. Usando como cenário a residência da família – o Solar dos Airises -, ora em estado de “quase” ruína, Lamego, com uma linguagem própria dos beletristas, lembra a criação das culturas populares na segunda metade do século XVIII, com destaque para a Mana-Chica do Caboio, bem como exalta e se posiciona, politicamente, no texto “A Planície Torturada”.  Oliveira Viana, autor do prefácio da primeira edição do livro, em 1934, também situa/situava Lamego no vasto campo ligando o homem à natureza, fazendo-o com destreza e colocando as humanidades como prioridade para suas abordagens; e o iguala ao também fluminense Euclides da Cunha, autor de “Os Sertões”, no qual reporta a tragédia de Canudos.

Referências

ADORNO, Theodor; HORKHEIMER, Max. Dialética do Esclarecimento – Fragmentos Filosóficos”. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Editor, 1985.

BAKHTIN, M. Marxismo e filosofia da linguagem. 6a ed. São Paulo: HUCITEC, 1992.

BARROS, Jayme. Chão da Vida – Memórias. Rio de Janeiro: Léo Christiano Editorial Ltda., 1985.

BELTRÃO, Luiz. Folkcomunicação: teoria e metodologia. São Bernardo do Campo: UMESP, 2004.

CASCUDO, Luis da Câmara. Dicionário Brasileiro do Folclore. 12ª. ed. São Paulo: Global, 2012.

CHAGAS. Humberto Neto das. Arquitetura solarenga rural de Campos dos Goytacazes no séc. XIX : uma análise histórica e tipológica. 2010. Dissertação (mestrado) – Universidade Federal do Espírito Santo, Centro de Arte, Vitória, 2010. Disponível em http://repositorio.ufes.br/handle/10/2075. Acesso em: 24 ago. 2019.

DUARTE, Newton Perissé. Escólio do Poema Amantia Verba de Azevedo Cruz. Rio de Janeiro: Editora APJR, 1998.

FREYRE, Gilberto. Casa-grande & senzala: formação da família brasileira sob o regime da economia patriarcal. São Paulo: Global, 2003.

LAMEGO, Alberto Ribeiro. A Planície do Solar e da Senzala. Rio de Janeiro: Coleção Fluminense, Imprensa Oficial do Estado do Rio de Janeiro, 1996.

LE GOFF, Jacques. História e memória. Campinas: Editora da UNICAMP, 1990.

MELO, José Marques. Introdução à Folkcomunicação: gênese, paradigmas e tendências". In: BELTRÃO, Luiz. Folkcomunicação: teoria e metodologia. São Paulo: UMESP/UNESCO: São Paulo, 2004. p.11-24

PAIXÃO, Múcio da. Movimento Literário em Campos – Notícias sobre alguns poetas e prosadores campistas. Rio de Janeiro: Tipografia do Jornal do Comércio, 1924.

PENA, Felipe. Jornalismo Literário. Rio de Janeiro: Editora Contexto, 2006.

PENA, Felipe. O jornalismo Literário como gênero e conceito. In: CONGRESSO BRASILEIRO DE CIÊNCIAS DA COMUNICAÇÃO, 29. Brasília, 2006. Anais do 29º Intercom. São Paulo: Intercom, 2006. Disponível em http://www.portcom.intercom.org.br/pdfs/77311256385591019479200175658222289602.pdf. Acesso em 24 ago. 2020.

REALE, Miguel. Paradigmas da Cultura Contemporânea. São Paulo: Editora Summus, 1996.

RIBEIRO, Joaquim. Folclore do açúcar. Brasília: Ministério da Educação e Cultura, Departamento de Assuntos Culturais, Fundação Nacional de Arte, Campanha de Defesa do Folclore Brasileiro, 1977.
VEYNE, Paul. Como se escreve a história e Foucault revoluciona a história. 4ª Ed. Brasília: Universidade de Brasília, 2008.

VIZEU, Alfredo. A produção de Sentidos no Jornalismo – Da Teoria da Enunciação à Enunciação Jornalística. Revista FAMECOS, v. 10, n. 22, p. 107-116. https://doi.org/10.15448/1980-3729.2003.22.3241 . Acesso em 24 ago. 2020.
Publicado
2020-08-27