REPRESENTAÇÕES DO SEMIÁRIDO NORDESTINO NO CINEMA BRASILEIRO
A CONTRUÇÃO DE UMA GEOGRAFIA
Resumo
Através do conceito de “paisagem” busca-se entender como a região semiárida foi e como é retratada por algumas produções cinematográficas brasileiras levando-se em consideração os pares conflitantes esboçados nos filmes, tais como, rural/urbano, arcaico/moderno, barbárie/civilização, litoral/sertão. Adotamos a dimensão dos conflitos dicotômicos inscritos na paisagem como fio condutor para a leitura geográfica do cinema. Parte-se do papel retórico das paisagens representadas nos filmes, ou seja, do poder de síntese de certas imagens metonímicas da região, numa abordagem afinada com a geografia humana. Tomando-se como base as propostas de alguns estudiosos que trabalham com a temática da inter-relação entre geografia e cinema, elege-se a “paisagem” como conceito básico para a leitura fílmica pelo viéis geográfico. O sertão nordestino será a categoria espacial de interesse. Correspondendo ao domínio semiárido, a região, devido a sua específica formação física e humana atrai numerosas produções cinematográficas para seu conjunto espacial. Tais filmes elaboram diversas imagens acerca do nordeste seco, que variam segundo o período e a técnica utilizada na filmagem, nas locações e nas concepções dos cineastas (distintas maneiras de “ver” o espaço sertanejo). Adota-se a dimensão do conflito dialético entre os elementos da urbanidade e da ruralidade, conflito que se dá com o advento da modernidade
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